De nada ou denada

A forma correta é de nada, porque ela é composta da preposição “de” e do pronome indefinido “nada”, tendo sua origem no latim rem natam.

“Até loguinho. E muito obrigada, sabe. A irmã já estava longe quando ela respondeu devargarzinho: – Ora… de nada…” (Antônio C. A. Machado, Laranja-da-China)

De nada ou denada?

Como já vimos, a forma correta dessa expressão é “de nada”. Assim mesmo, separado, mas você já se perguntou o que ela significa? Hoje em dia, muitas pessoas, ao receberem um favor ou um presente, sentem que devem retribuí-lo, pois saiba que há um motivo para isso!

Antigamente, de fato, a retribuição era obrigatória o que, segundo contam, fez surgir a expressão “obrigado (a)”, significando “fico na obrigação de retribuir algo a você”. Dessa forma, a expressão “de nada” passou a ser usada como uma maneira de desobrigar o beneficiado de retribuir o que lhe foi concedido, algo como “você não é obrigado a nada, eu te dispenso desta obrigação”. Vejamos alguns exemplos de “de nada” com esse sentido.

Exemplos

  • (1) “ – Ainda bem que vc existe! Estou lendo os seus posts e adorando o seu jeito de escrever. Obrigada!/ – Oi, Lu!! De nada”. (www.cariocandoporai.com.br)
  • (2) “ – Se eu tiver mais alguma dúvida eu posto aqui e vc me socorre, ok? Rsrs… Valeu, abração! /- De nada!” (Fonte: www.skyscrapercity.com)
  • ”(3) “- Bacana a breve discussão. Obrigada pela oportunidade mais uma vez. O seu blog é excelente./ – De nada! É um prazer responder aos teus comentários críticos”. (Fonte: www.problemasfilosoficos.blogspot.com/)

Com estes exemplos, ficou bem clara a utilização de “de nada” como resposta a um “obrigado (a)”, certo? No entanto, há também outros usos para essa expressão, veja a seguir dois deles.

Outros usos para de nada

“De nada” pode ser usado como um complemento de um verbo, significando “coisa alguma”, como no exemplo (1), em que a expressão complementa o verbo “saber”. Já um segundo uso de “de nada” é com o sentido de “sem importância”, como em (2), em que a garoa é caracterizada como fraca, sem importância, o que também é reforçado pelo uso do diminuitivo “garoinha” e “coisinha”.

Exemplos

  • (1) “Fui para aquele jantar sem saber de nada, nem ao menos aonde estava indo” (Bernardo Carvalho, Os Bêbados e Os Sonâmbulos)
  • (2) “É verdade que aquela noite tinha caído uma garoinha, coisinha de nada, ali pelas sete horas”. (Amadeu Amaral, Memorial de um Passageiro de Bonde)

Agora não resta mais dúsvidas se é de nada ou denada a forma correta. Sabemos que a grafia correta é “de nada” e também seus vários significados. Falando em formas confusas, você sabe como usar senão ou se não? Prossiga seus estudos e seja um especialista em língua portuguesa!

Kátia Cortez

Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá.